CARRER
XIPRERET
A
Matilde Marcè
A tarde
mal ouve
o nome
das cousas
que,
cansada e rouca,
enquanto
o sol se estica
sussurra
sua sombra.
Caminho atento
pondo à
noite
os
primeiros ruídos.
Por
ninguém espero.
E quando
me detenho
vem o
silêncio
a
caminhar comigo
ENTRE PEDRAS
Aqui acaba
o mundo,
nos frutais
derrubados
no horto
sem cancelas.
Esta
terra é toda ela um berro
de
pássaro a cair.
Olha
para a casa ferida,
o
celeiro estragado.
Silvas e
urtigas tecem
silêncio
nas paredes.
Por aqui
passou a morte
e já
mais ninguém virá
que
levante estas telhas,
os
casqueiros e as traves ,
que
acenda novamente o candeeiro.
Cerra os
olhos.
O meu
coração também
é o país
mais derrotado.
TABUINHA CUNEIFORME NO
MET
A literatura,
o ofício de mentir com arte,
nasceu assim:
enquanto lavrava ata
do mundo,
um escriba sumério
contou sete vacas
e nove ovelhas
e anotou
três e cinco
numa tabuinha de barro como esta.
© Texto: Antón García
© Tradução: Xavier Frias Conde