LÁ FORA CRESCE UMA ÁRVORE
Formas de dizer lá fora cresce a árvore sem mencionar
A erva da orvalhada a raíz do sol nos ramos
Sem que a evolução seja detida...
Há tantos tantíssimos anos
Milhões de anos
Milhões de milénios
Crânio grande
Queixo espalhado de forma antiestética
Desconhecida ainda a fonologia: parte da linguística que estuda os fonemas ou descrições teóricas dos sons vocálicos e consonânticos que formam uma língua
Só o costume do sobrevivente.
Milhões de milénios por diante
Crânio estranho
Queixo injusto apreender o lume apreender as rochas
O uso homohumano
O cova a ninho
os fenómenos daquela altura não revelaram o mistério
como voltar para o ninhoprimeiro uterodaverdadeira
que não,
tristemente
tampouco hoje concebemos.
Elo evolutivo, tantíssimos anos de distância entre nós,
A sentirmos frio,
Mais do que frio, fome absoluta
De homosapiens absoluto.
Tu, cérebro estilizado, longínquo de toda a história arqueológica que ťe acontece:
Dá-nos, por favor, força de vontade, que nos alcancem
Os ninhos para introduzir os dentes, ao menos
enquanto continua a raíz a espalhar sub-terra-nea-mente
-como veia de sangue espesso- não se detém.
Lá fora: cresce a árvore, vai sol, sopra o vento, tremem as folhas, secam os frutos, mexem os pássaros, encontram-se as pessoas, mora o futuro
E digo futuro
E tudo vem para mim, mas a árvore vai no seu caminho para o céu
O seu caminho divino.
Chegará com uma palavra para alterar a soma de tantas verdades:
Lá fora /tudo continua, não prossegue, só continua/
Cresce a árvore
Vai sol
Sopra o vento
Tremem as folhas
Secam os frutos
Mexem os pássaros
Encontram-se as pessoas
Mora o futuro | começa a chover
E digo chove
E o presente simples sem adornos quica nas têmporas de qualquer um, não é assim portanto como quica a história a precariedade das nossas estruturas:
Vou ao ninho
Para saír mais tarde, novamente, outra vez. Esta vez
Tal como faz a árvore aí. Lá fora.
© Texto: Daniela Gaitán
© Tradução: Xavier Frias Conde
Sem comentários:
Enviar um comentário