BORBORETAS
Não entendo o meu destino
vivo suspensa
na trama das borboretas
não desço para os dias futuros
não padeço dor
habito-o sem reservas
com o peito encerrado
não sou a mulher que quis ser
planificaca errada
não tenho arrependimentos
apenas tristezas íntimas
escondidas
que agasalham o quotidiano
não espero a ledice
persigo-a
conquisto-a em cada entardecer
em cada cintilar da noite
não durmo
a vigília é o paroxismo do sonho
da alma atenta
ao voo das borboretas
RITUAL
A água ferve
a chaleira assobia
decido
se for de manhã
o chá será forte
preto
se o crepúsculo
for promissório
a mistura será
afumada e oriental
do contrário
aromatizada à inglesa
as noites e a vigília
são acompanhadas
por perfumes de tangerina
cidreira
sabores de frutos outonais
a xícara acolhe o momento
o paladar a língua o olfato
convergem
na verdade do primeiro trago
o meu corpo recebe
comunhão
[TENHO UM OCO NO CORAÇÃO]
Tenho um oco no coração
é seco e escuro
se introduzir um dedo
sinto a aspereza
da areia oculta
das minhas securas
e a negrura densa
que aperta como uma jibóia
insone e insatisfeita
o meu coração
é torto de sentimentos
o vento nele não encontra ninho
nem a luz repouso
eu vivo com um oco cego
no peito
Não entendo o meu destino
vivo suspensa
na trama das borboretas
não desço para os dias futuros
não padeço dor
habito-o sem reservas
com o peito encerrado
não sou a mulher que quis ser
planificaca errada
não tenho arrependimentos
apenas tristezas íntimas
escondidas
que agasalham o quotidiano
não espero a ledice
persigo-a
conquisto-a em cada entardecer
em cada cintilar da noite
não durmo
a vigília é o paroxismo do sonho
da alma atenta
ao voo das borboretas
RITUAL
A água ferve
a chaleira assobia
decido
se for de manhã
o chá será forte
preto
se o crepúsculo
for promissório
a mistura será
afumada e oriental
do contrário
aromatizada à inglesa
as noites e a vigília
são acompanhadas
por perfumes de tangerina
cidreira
sabores de frutos outonais
a xícara acolhe o momento
o paladar a língua o olfato
convergem
na verdade do primeiro trago
o meu corpo recebe
comunhão
[TENHO UM OCO NO CORAÇÃO]
Tenho um oco no coração
é seco e escuro
se introduzir um dedo
sinto a aspereza
da areia oculta
das minhas securas
e a negrura densa
que aperta como uma jibóia
insone e insatisfeita
o meu coração
é torto de sentimentos
o vento nele não encontra ninho
nem a luz repouso
eu vivo com um oco cego
no peito
© Texto: Kiria Kariakin
© Tradução: Xavier Frias Conde
Gracias Xavier. Lo estoy diseminando por mis redes.
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