I
Este adeus abeirado que me dói
não o liberto como ele quiser
não por temor a te perder na fuga
de facto
já foste embora
Faço-o
porque entre a tristeza e a saudade
há um espaço tão duro e tão vazio
que quando consiga recordar-te
em paz... com calma
decerto
seremos desconhecidos
II
Tratarei a tua lembrança com a cautela que me dê a memória
com a rebeldia que o silêncio me guarde
com a indiferença que a alegria me surpreenda
com a solidão que a calma por mim espere.
Deixá-lo-ei sozinho na sua conceição
na sua supervivência
que o seu alento dure
quanto o esquecimento decida
que a sua imagem se esvaeça
assim que o vento sentencie.
Tratarei a tua lembrança com cautela
com austeridade e pobreza
com a mesma intermitência
da tua breve existência
III
Mudaria o minuto do teu encontro
agora
para este instante...
A incerteza vai matando
o tempo consome
a solidão acomoda-se
abandonaste o sonho
© Texto: José Luis Garcés
© Tradução: Xavier Frias Conde
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