quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

FRAGMENTOS DE DIÁRIO DE PARIS, DE TEREZA RIEDLBAUCHOVÁ



-1-

V mých útrobách létá hejno netopýrů
Kdysi v Saint-Émilion jsem vešla do velkého domu
ve dvanácti místnostech naráželi o zdi netopýři
mí hostitelé mi řekli že jsem čarodějka
a místo aby mě upálili uložili mě do nejkrásnější místnosti

Pelas minhas entranhas corre uma  bandada de morcegos.
Uma vez em Saint-Émilion entrei num casarão
onde em doze alcovas batiam os morcegos contra a parede.
Os meus anfitriões chamaram-me bruxa,
mas em vez de me queimarem, levaram-me para o mais formoso quarto.


-2-

Už tu bydlím jenom s holuby
v domě který všichni opustili
a který opouštím i já
lze se teď procházet v útrobách bytů
a na kusech nábytku pozorovat otisky bývalých sousedů
ráno vycházím na pavlač mezi štěrk a holubince
takový je můj život
zastřená okna k minulosti
a u promoklých zdí nánosy snů

Moro aqui apenas com pombas
numa casa que todos abandonaram,
eu própria também.
Aqui se pode passear pelas entranhas da morada
e entre os restos da mobília veem-se as pegadas dos antigos vizinhos.
Amanheço no pórtico entre grava e cagalhões de pomba.
Assim é minha vida,
uma confusa janela ao passado
e junto da parede ensopada, o sedimento dos sonhos.


-3-

Vplouvám mezi stehna za zvuku chřestýšů
po hmatu má vnitřnosti jako lávu a med
nacházím v ní svou rozlehlou mexickou zemi
i hroty aztéckých pyramid leží přede mnou otevřená

Mluvil na ni francouzsky, španělsky a ještě nějakým nesrozumitelným  domorodým jazykem
oči měl jako dvě divoké včely
a černé vlasy jako provazy a dlouhé šípy
ležela před ním otevřená


Flutuo entre as tuas coxas trás o som da cobra de cascavel
através do tacto do meu interior como lava e mel.
Ali descubro a minha extensa terra mexicana
enquanto perante mim, aberta, se espalham as pontas das pirâmides aztecas.

Falou-lhe em francês, espanhol e até nalguma língua autóctone incompreensível,
seus olhos eram como duas abelhas selvagens
e o seu cabelo preto como cordas e longas flechas,
ela deitou-se ante ele.


-4-

Bílý kozoroh padá z modré skály
na nebi stojí měsíční krev

Žena kouří na prosklené verandě
na protějších balkónech hračky objímá tma
nad střechou pomalu plachtí bílí ptáci

Um capricórnio branco cai da rocha azul
e no céu fica sangue lunar.

Uma mulher fuma na galeria envidraçada,
nas varandas de em frente, a escuridão abraça brinquedos,
pelo teto voam lentos os pássaros brancos.

Texto: Tereza Riedlbauchová
Tradução: Xavier Frias Conde
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