ETS SOLAMENT TEMPS
A males penes el frec d’una papallona
quan un crit de jovenesa a deshora
et fa girar el cap,
consciència que has viscut,
intrusa portadora de sols passats
i, llavors, desesperat, busques imatges fugisseres
al cor dels colors
i vols fer-les captives
a la llum dels mots més precisos;
però acarones el marbre
com si cisellares els pètals de la rosella.
Polsim i fum entre els dits
de la vestal més fosca.
Vols refrescar-te en aigües antigues
d’un riu que ja no et pertany
mentre tens peus de barranc i marge
que et condueixen per les sendes de la por
amb una melodia de grava remoguda.
Només et resta la fondària d’un pou pairal
on esdevens record
en un present impossible
i t’adones que ets matèria sensible,
ets matèria de déus,
ets solament temps.
NÃO ÉS SENÃO TEMPO
Dificilmente o roçamento de uma borboleta
quando um berro de juventude serôdia
faz-tè virar a cabeça,
consciência que viveste,
intrusa portadora de sóis passados
e, na altura, desesperado, procuras imagens fugidias
no coração das cores
e queres torná-las cativas
à luz das palavras mais precisas;
mas acarinhas o mármore
como se cinzelasses as pétalas da papoila.
Pó e fumo entre os dedos
da vestal mais escura
queres refrescar-te em águas antigas
de um rio que já nem tè pertence
enquanto tens pés de barranco e margem
que te levam pelas sendas do medo
com uma cantiga de cascalho remexido.
Apenas tè fica a fundura de um poço solarengo
onde viras lembrança
num presente impossível
e dás conta que és matéria sensível,
és matéria de deus,
não és senão tempo.
Texto: Francesc Mompó
Tradução: Xavier Frias Conde
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