CHANGING GEOGRAPHIES
Migration
People from the past
you can no longer hug
Evoking moments
streets, squares, faces
Things you can no longer touch
People from one’s childhood
- doesn’t matter if they’re dead or alive...
You can no longer see them
hear or speak to them
in real time
Conversations are hurried
letters arrive too late
Only photographed faces stare
fixed in a lost space
Three of us survived
as we made Australia home
Away from bloody dictators
ignorant of humanitarian rights
still not paying for their wrongs
Mother lost her battle with cancer
and left us to cope alone
Perhaps she went back to Santiago
to the Andes, to her own Chilean ghosts
Always looking for something
I left my Melbourne, my city of Fitzroy
Now my only two relatives exist in the distance
My sister in Northcote
My father in Maribyrnong
And in this circular journey
I feel closer to my Chilean heart
for here they speak my language
But funny ... now I long
for a bit of my Aussie land
Caught in the middle of a map
trying to hold on to a cartographer’s hand
Changing jobs, houses, languages
leaving lovers behind
Being the foreigner
the “wog”
the “sudaca”
Never fitting in the new land
Changing geographies
running from the past
But some nights ghosts haunt me
and beg me to go back
And I surround myself with memories
cheap mementoes
of things gone by
that only survive in my memory
for in reality, they are no longer alive.
But distance is real
- gradually, one does grow apart –
Published in Changing Geographies. Universidad de Barcelona, 2001.
A MUDAR GEOGRAFIAS
Migração
Gente do passado
já nem podes abraçar
Evocar momentos
ruas, praças, rostos
Coisas que não voltarás a tocar
Pessoas da própria infância
- nem se importa se vivos ou mortos -
Já não podes vê-los
nem ouvi-los nem falar-lhes
em tempo real
As conversas apressam
as cartas chegam tarde demais
apenas fitam os rostos nas fotos
quedos em espaços fixos
A mãe perdeu a batalha contra o cancro
e deixou-nos a nos arranjar sozinhos
se calhar voltou a Santiago
aos Andes, aos seus próprios fantasmas chilenos
Sempre a procurar algo
abandonei a minha Melbourne, a minha cidade do Fitzroy
Agora os meus dois únicos parentes existem na distância
minha irmã em Northcote
meu pai em Maribyrnong
E nesta viagem circular
sinto-me mais perto do meu coração chileno
porque aqui falam a minha língua
Mas é engraçado
agora sinto saudade da minha terra australiana
Capturada no meio de um mapa
a tentar apertar a mão de um cartógrafo
a mudar empregos, casas, idiomas
a deixar amantes às costas
Ser a estrangeira
a “wog”
a “sudaca”
sem conseguir encaixar na nova terra
A mudar geografias
a se afastar do passado
mas por vezes os fantasmas me caçam
e pedem-me voltar
E rodeio-me de lembranças
de mementos baratos
de coisas passadas
que apenas sobrevivem na minha memória
pois de facto já não estão vivas
Mas a distância é real
–– aos poucos, um já medra à parte ––
Texto: Silvia Cuevas Morales
Tradução: de Xavier Frias Conde
belíssimo poema!,amiga.Conheces a escritora laura serrano?
ResponderEliminarme encanta também muchíssimo!